terça-feira, 8 de maio de 2007

Pussy Galore

Os Pussy Galore formaram-se no ano de 1985 por Jon Spencer e Julie Cafritz, que se tinham conhecido na universidade em Providence. A formação foi sempre oscilando no que diz respeito ao número de membros, até aos últimos dias da banda: neste período inicial, juntaram-se ainda à banda o baterista John Hamill e Cristina Martinez. Esta última, antes de ser música ou cantora, era a fotógrafa de 16 anos responsável pela fotografia da capa do primeiro EP da banda, Feel Good About Your Body.

As opiniões sobre a banda nunca foram, já desde os seus primórdios, consensuais. A moverem-se em terrenos musicais semelhantes aos Sonic Youth ou Husker Du, os Pussy Galore eram militantes de uma corrente de hardcore mais primitiva e industrial, afastando-se do psicadelismo de outras bandas da altura e aproximando-se daquilo a que podemos chamar terrorismo sónico. Foram buscar a sua designação a uma personagem dos filmes de James Bond e, apesar do talento limitado de cada um e de uma atitude narcisista e tendencialmente destrutiva do conjunto, foram capazes de criar grandes momentos de trash rock.

Já com Neil Haggerty e Bob Bert (que vem substituir Hamill) na formação, os Pussy Galore editaram o seu primeiro EP Groovy Hate Fuck, cuja gravação foi integralmente caseira e que dava as primeiras pistas sobre a atitude provocadora da banda (comprovada por títulos como Cunt Tease ou You Cook Like A Jew). Respondendo aos rumores que circulavam na altura de que os Sonic Youth iriam recriar o White Album dos Beatles, a banda aventurou-se também na recriação do famoso Exile On Main Street, dos Rolling Stones, tendo apenas conseguido a edição de quinhentas cassetes. Em 1987 lançaram o seu primeiro longa duração, sob o título Right Now!, já sem a participação de Cristina Martinez (que optara por manter a sua relação com Jon Spencer, em detrimento da participação na banda). Muito devido à produção de Steve Albini, este primeiro LP conseguiu atenuar a resistência que a crítica sentia em relação à banda, sendo que a sonoridade se apresentava menos marginal e mais concentrada na vertente noise presente desde o início da banda.

O segundo trabalho da banda, Dial M For Motherfucker, veio trazer a ruptura final de Julie Cafritz com a banda. A provocação característica do movimento punk continua a ser um elemento fundamental das canções que, apesar disso, se afastam rumo a territórios mais experimentais - muitas sequências são tocadas ao contrário, o fim de uma música confundia-se com o início de outra.

Já como um trio (Spencer, Haggert e Bert) lançaram em 1990 aquele que viria a ser o último registo original da banda e cujo título tinha sido escolhido com toda a ironia - La Historia De La Musica Rock. O último trabalho dos Pussy Galore está já a anos-luz dos seus antecessores, apresentando como influência mais óbvia os blues. Neste mesmo ano, a banda separou-se, dando origem a duas novas bandas: Jon Spencer forma com Cristina Martinez (ainda hoje sua mulher) os Jon Spencer Blues Explosion e Neil Haggerty junta-se a Jennifer Herrema para formar os Royal Trux. O projecto original terminou numa divisão, mas numa divisão que mostrou trazer mais sucesso e visibilidade aos seus membros, sendo que as bandas dele resultantes ainda hoje se encontram no activo. Dois anos depois da separação, é ainda editado The First Year, que reúne temas lançados no início da carreira dos Pussy Galore, bem como algumas entrevistas aos seus membros.

Dial M For Motherfucker The First Year Right Now!


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