quarta-feira, 9 de maio de 2007

Joy Division

Muita tinta já correu sobre a história dos Joy Division. A curta duração da banda, bem como o legado que vieram deixar para as bandas que lhe seguiram já foram estudados, analisados e publicados, resultado da personagem obscura e dramática que estava no centro deste turbilhão musical: Ian Curtis.

Os Joy Division foram formados por Ian Curtis, Bernard Albrecht, Peter Hook e Stephen Morris em Manchester quando decorria o ano de 1977. Não responderam sempre a este nome: antes tinham ainda sido designados por The Stiff Kittens ou por Warsaw, nome sob o qual iniciaram verdadeiramente a sua actividade. Foi ainda com esta designação que tiveram a sua primeira oportunidade de se mostrar ao vivo, actuando como banda suporte dos Buzzcoks e dos Penetration no Electric Circus, também em Manchester.

Ainda no ano de 1977, a banda viu-se obrigada a alterar o nome para Joy Division, retirado da designação dada pelos soldados nazis à divisão onde se encontravam as prostitutas judias em alguns campos de concentração. A escolha do nome desde cedo se revelou polémica, tendo a banda ficado imediatamente associada à ideologia de extrema direita, recebendo mesmo ainda o epíteto de 'pequenos Adolfos' em referência clara a Adolf Hitler.

O primeiro EP da banda, An Ideal For Living, foi editado pela Enigma, editora que a banda detinha em nome próprio. Mas a verdadeira estreia da banda em registos de longa duração deu-se apenas pela mão de Rob Gretton, na altura o manager da banda, e por aquela que viria a ser uma das mais prolíficas editoras britânicas: a Factory. O álbum Unknown Pleasures, destinado no início a ser mais uma edição punk, tornou-se no expoente máximo da angústia existencial de toda uma geração, concentrado e fomentado pela pose afectada e distante de Curtis. Apesar de não partilhar de toda a violência do punk, este álbum era feito de momentos de exorcismos emocionais, de gritos contra a alienação urbana e virava a atenção para dentro da própria banda. O hype à volta da banda foi posteriormente confirmado, com a presença dos Joy Division nas famosas Peel Sessions, em 1979.

Durante a sua primeira digressão europeia, os Joy Division viram bastantes concertos cancelados devido à progressiva degradação da saúde de Ian Curtis. Se no início o vocalista hipnotizava o seu público com movimentos robóticos e estilizados, a digressão veio revelar que a epilepsia de que Curtis sofria estava a ganhar terreno e os concertos eram muitas vezes dominados pelas convulsões que lhe provocavam longos períodos de inconsciência ou de aparente transe. A gravação de Closer terminou em 1980, ano em que é lançado o single que confirmou a genialidade de Curtis e determinou toda a devoção que, a partir daí, foi dedicada à banda - Love Will Tear Us Apart.

A par da gravação e lançamento do seu segundo álbum, a banda tinha conseguido marcar a sua primeira tour americana para Maio de 1980, tour essa que não veio a realizar-se. Na véspera da partida para os Estados Unidos, Ian Curtis enforcou-se em sua casa, vítima de um casamento que ameaçava desmoronar-se a qualquer momento e de uma profunda incapacidade de lutar contra os seus próprios demónios. Como outros antes dele e outros que se lhe seguiram, Curtis imortalizou-se como o ícone e a voz inquieta de toda uma geração. Respeitando o pacto que tinham feito, os restantes membros da banda não usaram mais a designação Joy Division e não utilizaram o material que ainda tinha ficado por editar, tendo antes nascido uma banda das cinzas: os New Order.

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