quinta-feira, 21 de junho de 2007

Gang Of Four


Os Gang of Four foram formados em 1977 por um grupo de estudantes, entre eles Andy Gill, Jon King, Dave Allen e Hugo Burnham. O grupo, sediado em Leeds, é fruto da explosão de liberdade que foi trazida pelo punk e por uma corrente que aliava à música uma intensa mensagem política. Esta postura rebelde valeu à banda um sucesso retardado, especialmente devido ao facto de a BBC ter banido os seus temas no início da sua carreira e tudo porque a banda tinha usado a palavra rubbers (preservativos). Mas mesmo esta reserva dos meios de comunicação mainstream não impediu que o seu EP, At Home He's A Tourist, fosse um enorme sucesso.

O primeiro álbum da banda, Entertainment, foi lançado em 1979 e entrou desde logo para o Top 50, graças em grande parte ao ritmo funk das músicas e às letras incendiárias. Os Gang of Four cantavam sobre o amor e a vida moderna numa perspectiva interventiva mas sem nunca deixar que esta faceta se sobrepusesse à sua música orgânica, crua e libertadora. Em 1981, lançaram o seu segundo álbum, intitulado Solid Gold, o último que que Dave Allen participou. A sua saída para a formação dos Shriekback teve como consequência o ingresso de Sara Lee na banda, que o veio substituir. Esta presença feminina veio tornar o som dos Gang of Four num som mais convencional mas músicas como Call me Up (que abordava a questão da guerra nas Falklands) ou I Love A Man In Uniform (também impedida de passar na BBC) mostravam que a banda não tinha abandonado definitivamente a sua vontade de intervir.

A saída de outro membro da banda, desta vez Hugo Burham, antecede o lançamento do terceiro trabalho da banda, Hard, lançado em 1983. Desta vez, os Gang of Four fizeram-se rodear de profissionais de estúdio e algumas cantoras para os coros, abandonando a sonoridade mais punk e abraçando mais definitivamente o funk como corpo da banda. O afastamento em relação à sua sonoridade inicial veio ditar consequentes diminuições no retorno comercial do projecto - a banda acabou por separar-se em 1984. Ao último álbum, At The Palace, seguiu-se também a partida de Andy Gill para os Estados Unidos da América, tendo, a partir daí concentrado a sua actividade profissional no trabalho de produção. Algumas tentativas de reaproximação e de reunião da banda aconteceram ao longo dos anos mas sempre sem grande consequências nas vendas ou na atenção dispensada à banda sendo que no ano de 2006 as suas datas ao vivo passaram pelo festival Paredes de Coura, em Portugal.



sábado, 2 de junho de 2007

Jeff Buckley

A história de Jeff Buckley escreve-se numa quantidade de linhas inversamente proporcionais ao seu talento. Nascido em Orange County, na Califórnia, trazia já consigo o estigma de ser filho de Tim Buckley, um pai ausente que negligenciava a família em prol de uma vida de excessos. Toda a família de Jeff teve um papel importante no seu desenvolvimento como músico: a mãe era pianista e violoncelista clássica, o padrasto despertou a sua curiosidade para bandas como Led Zeppelin, The Who ou Pink Floyd. Aos doze anos foi-lhe oferecida uma guitarra e Jeff decidiu que seria músico, chegando mesmo a tocar na banda jazz da sua escola secundária.

Durante muito tempo limitou a sua actividade à parte instrumental, usando a voz apenas para coros. Viu-se envolvido em projectos de variados estilos - jazz, funk e até mesmo dancehall. Dos primeiros trabalhos de Buckley fazem parte uma cassete com cinco temas (alguns dos quais mais tarde lançados com Grace, como Eternal Life e Last Goodbye) com o título Babylon Dungeon Sessions ou a sua primeira actuação (vocal) em público num tributo a Tim Buckley, ambos sob a alçada do antigo agente deste, Herb Cohen. Em 1991, Jeff mudou-se para Nova Iorque, depois de estar instalado com Herb Cohen em Los Angeles.

Jeff Buckley encontrou o(s) seu(s) espaço(s) em Nova Iorque. Tocava em pequenos clubes, bares e cafés, sendo que a maior parte do seu reportório era feita de covers de nomes tão diferentes como The Smiths, Bob Dylan, Elton John ou Édith Piaf. Actuava sozinho, acompanhado da sua Fender Telecaster e foi na sala do Sin-é que actuou mais vezes, o que significou um aumento considerável do interesse do público e da indústria musical devido à intensidade de cada espectáculo. No Verão de 1993, juntamente com Mick Grondhal e Matt Johnson, Jeff Buckley inicia as gravações daquele que viria a ser o único sucesso que teria em vida.

Em 1994 é finalmente lançado Grace, já contando também com a presença de Michael Tighe na guitarra. Juntamente com sete canções originais, estavam também incluídas neste trabalho três versões, a saber: Lilac Wine de Nina Simone, Corpus Christi Carol de Benjamin Britten e Hallelujah de Leonard Cohen, todas muito aclamadas devido ao cunho pessoal que Jeff investiu em cada uma delas. O álbum atingiu os dois milhões de cópias vendidas, merecendo especial destaque em países como a Austrália e a França e sendo muito elogiado pela imprensa musical, chegando mesmo a ser descrito como 'impossivelmente belo'.

Em 1997, depois de fazer uma tour para apresentar o seu primeiro trabalho, Jeff mudou-se para Memphis, dando início às gravações daquele que viria a ser Sketches For My Sweetheart, The Drunk. Começou por gravar alguns temas num gravador de 4 pistas numa casa que tinha alugado para o efeito, tendo ainda recrutado uma banda para iniciar o trabalho de estúdio. No dia 29 de Maio do mesmo ano, o músico decide mergulhar nas águas do rio Wolf, um afluente do Mississippi para não mais regressar. Atirou-se com toda a sua roupa, calçado, ao som de Whole Lotta Love dos Led Zeppelin e apenas foi encontrado uma semana depois. Nunca ficou esclarecido se esta teria sido uma tentativa de suicídio ou um infeliz acidente. Depois da sua morte foram já lançados alguns álbuns póstumos, entre os quais o inacabado Sketches... e a gravação ao vivo de Mistery White Boy. Esta semana saiu um novo registo com o nome So real, que inclui alguns singles e canções não editadas como Forget Her e versões ao vivo de Mojo Pin ou So Real.