segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Stina Nordenstam


Se Stina Nordenstam tivesse iniciado a sua carreira nos anos que agora correm, não seria estranho compreender o sucesso alcançado pela sueca. A música feita na Suécia ganha lentamente o direito a ter a sua própria cena e já existe uma espécie de escola de onde derivam grande parte dos seus artistas. É tudo da responsabilidade, como muitos especulam, da diminuta quantidade de horas de Sol e da necessidade de preencher esses tempos mortos, o que origina crescentes ondas de criatividade.

Nascida em 1969, Stina Nordenstam iniciou o seu percurso musical na adolescência, em grande parte influenciada pelo jazz clássico de John Coltrane ou Erik Satie e pelo naufrágio do casamento dos seus pais, que emprestou às suas composições o inicial tom melancólico e introspectivo. Apenas alguns momentos faziam antever a sua ligação a um rock mais alternativo, especialmente porque a cantora terminou a escola dominando o piano, o violino e a guitarra na perfeição. O seu primeiro álbum, Memories Of A Colour, mereceu a atenção de nomes como o de Ingmar Bergman (agora falecido). Este mesmo trabalho deu-lhe a oportunidade de actuar perante a família real sueca e os membros do parlamento, apesar da sua manifesta inclinação depressiva.

A gravação deste primeiro trabalho de longa duração deixou a cantora perto do esgotamento emocional, tendo, no entanto, despertado a atenção da editora 4AD, com a qual ainda viria a assinar um contrato. Stina foi frequentemente comparada a cantoras como Joni Mitchell ou Tori Amos e o seu trabalho foi admirado por bandas como os Red House Painters ou This Mortal Coil. Grande parte do fascínio provém da sua voz, muitas vezes demasiado delicada, soando na maior parte das canções como a voz de uma criança. Só três anos depois de Memories... apresentou o seu segundo álbum, And She Closed Her Eyes. Também este lançamento contribuiu para conseguir colaborações com nomes já firmados na cena musical como Vangelis, que a convidou para participar no seu single Ask The Moutains.

A sua fragilidade e delicadeza dos seus poemas mantiveram-se ao longo de todos os álbuns que editou. O seu terceiro álbum, Dynamite, trouxe apenas uma mudança: os temas deixaram de ser tão obscuros ou auto-reflexivos e passaram a focar-se mais contemplação do mundo exterior e no exorcismo dos fantasmas interiores através desta viragem. O álbum que se lhe seguiu, People Are Strange, teve como base uma série de canções de outros artistas (como Prince, Leonard Cohen ou The Doors), que Stina reinterpretou e às quais emprestou uma abordagem mais minimalista, mais despojada de artifícios. O penúltimo álbum que lançou até à data, This is Stina Nordenstam, mostrou uma cantora à procura de um terreno mais consensual, mais próximo do público, mantendo a fórmula naïve com que interpreta todos os seus temas. Lançou ainda The World Is Saved, álbum sem grande impacto na sua carreira e é aguardado o seu sucessor ainda este ano, de acordo com o site da cantora. A reacção à música de Stina nunca esteve perto de ser consensual, já que a especificidade da sua voz consegue gerar as paixões mais cegas e os ódios mais obstinados. Talvez seja o seu lado elfo a fazer das suas: afinal, Stina parece vir de um outro lugar.

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